Repertório
de Manuel de Almeida
Não peço a Deus melhor sorte
Que ouvir as minhas cantigas
Na hora da minha morte
Nos lábios das raparigas
Para justo cumprimento
Do que penso eternamente
Declaro solenemente
Que este é o meu testamento
Eu não quero um monumento;
Mas que um coval me comporte
Ao pé do lobo mais forte
Que haja no topo da serra;
Mas se for na minha terra
Não peço a Deus melhor sorte
E tu, mulher, só desejo
Que não perturbes meu sonho
Só quero o teu abandono
Dado o teu ultimo beijo;
E alegre como te vejo
Te veja sempre de sorte
Que tendo sido o meu norte
Na luta do dia a dia;
Sejas a minha alegria
Na hora da minha morte